Segunda-feira, Outubro 20, 2025
Política

🇵🇹 Rendimento Social de Inserção (RSI): O Que É, Para Que Serve e As Controvérsias da Prestação Social em Portugal

O Que É o RSI? Uma Rede de Segurança Contra a Pobreza Extrema

O Rendimento Social de Inserção (RSI) é uma prestação social em Portugal, introduzida em 2003 (substituindo o Rendimento Mínimo Garantido – RMG), que se destina a pessoas e famílias em situação de pobreza extrema e risco de exclusão social.

O RSI não é apenas uma transferência monetária; é um apoio que combina duas componentes essenciais:

  1. Prestação Mensal em Dinheiro: Um apoio financeiro que visa assegurar a satisfação das necessidades básicas de subsistência. O valor é calculado subtraindo os rendimentos do agregado familiar ao valor máximo de RSI a que têm direito.
  2. Programa de Inserção: Um compromisso formal e contratualizado que obriga o beneficiário e o seu agregado familiar a participar num plano de inserção social, laboral e comunitária, procurando ativamente emprego, formação ou outras atividades adequadas à sua situação.

Para que Serve:

O RSI serve como a última linha de defesa do Estado Social, garantindo um patamar mínimo de dignidade e um mecanismo ativo para a quebra de ciclos de pobreza através da reintegração social e profissional.

Controvérsias Recentes e o Debate sobre a Eficácia do RSI

Apesar da sua missão fundamental, o RSI tem sido alvo de controvérsia em Portugal, especialmente em momentos de crise económica e de debate sobre a despesa pública. As principais polémicas recentes centram-se em três áreas:

  • A Queda no Número de Beneficiários e o Alívio da Pobreza:
    • Dados recentes indicam que o número de beneficiários do RSI tem atingido mínimos históricos desde 2006. Isto pode ser um sinal positivo de recuperação de emprego ou, inversamente, o resultado de um controlo mais apertado e regras mais restritivas que dificultam o acesso a quem realmente precisa.
    • Estudos apontam que a capacidade do RSI para aliviar a pobreza se tem reduzido, com o valor da prestação a situar-se abaixo de 40% do limiar de pobreza nacional, especialmente devido a alterações na indexação e no cálculo dos rendimentos elegíveis.
  • O Debate sobre a Fraude e o Preconceito:
    • Periodicamente, o debate público é dominado por alegações de fraude e mau uso da prestação, que, embora existam, desviam o foco do problema estrutural da pobreza. Este populismo gera preconceito e estigma contra os beneficiários, ignorando que grande parte destas pessoas têm trabalhos precários ou enfrentam contextos de elevada complexidade social e falta de oportunidades.
  • As Condições do Contrato de Inserção:
    • A obrigatoriedade de trabalho solidário ou de integração laboral no contrato de inserção é controversa, pois levanta questões sobre o aproveitamento de mão-de-obra a baixo custo e se as ações definidas são realmente eficazes para a quebra dos ciclos de pobreza, ou se apenas limitam a autonomia do beneficiário.

Perspetivas de Futuro: Calibragem e Cobertura

O debate sobre o RSI sublinha a necessidade de uma calibragem da política de rendimento mínimo em Portugal. Com a subida do Indexante de Apoios Sociais (IAS) e as alterações na composição das famílias, há uma pressão para que o RSI seja mais eficaz e generoso para cumprir o seu papel de rede de segurança.

A exigência é que o Estado encontre um equilíbrio entre a fiscalização rigorosa (para combater a fraude) e a garantia de um apoio justo e suficiente que realmente promova a inserção social e laboral dos mais vulneráveis, em vez de apenas os manter no limiar da subsistência.

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